sábado, 6 de agosto de 2022

Futebol 86


Nome: Futebol 86
Editora: Luís d'Alba
Autor: Abel Antunes
Ano de lançamento: 1986
Género: Acção
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Não
memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Disponível em breve

Futebol 86 encerra uma série de curiosidades. A primeira é que o jogo foi desenvolvido por um Português, Abel Antunes, e comercializado por uma empresa Alentejana mais vocacionada para o desenvolvimento de projectos de arquitetura.

A segunda curiosidade é que aparentemente terá sido o primeiro jogo nacional a ser registado na Direcção Geral de Espectáculos e Direitos de Autor. Isso não impediu que, apesar de ser vendido pelo seu autor exclusivamente por correio, fosse pirateado pelas casas habituais (encontraram-se cópias da Chai Informática). E felizmente, pois doutra forma provavelmente ter-se-ia perdido para sempre mais uma pérola portuguesa.

De referir que estando o jogo registado, naturalmente que tentámos contactar o seu autor (fazêmo-lo sempre), para saber se autorizava a sua distribuição. Infelizmente todas as mensagens que enviámos foram ignoradas (o contacto que encontrámos poderia já estar obsoleto), e todas as tentativas que fizemos para encontrar o seu autor não tiveram sucesso.

Finalmente, a última das curiosidades está relacionada com a mecânica do jogo. Normalmente, jogos de futebol são do género de simulador ou gestão desportiva (ou em raros casos aventuras, como Football Frenzy e Roy of the Rovers). Mas nunca apareceu um jogo que tivesse uma mecânica como Futebol 86. E se ao início até parece estranho e um pouco difícil, rapidamente se apanha o jeito e começamos a ganhar jogos atrás de jogos, pelo menos no nível mais fácil.

Mas tudo começa com a escolha da equipa que queremos comandar. Os nomes das equipas vão aparecendo no ecrã e temos que ser rápidos a carregar na opção pretendida. Portugal está representado, obviamente, ou não fosse um Mundial recordado pelas más razões (caso Saltillo). Depois seleccionamos o nível de dificuldade (o 5 é insanamente difícil) e entramos na fase de grupos. Se bem se recordam, Portugal tinha como adversários a Inglaterra, Polónia e Marrocos e aconselhamos a escolher a nossa seleccão para rectificarmos a fraca prestação Portuguesa da altura.

Temos ainda a possibilidade de juntar o nosso nome à equipa e aqui reside um dos pontos fracos deste jogo. A equipa é sempre a mesma, não temos possibilidade de mudar a táctica, seleccionar outros jogadores e a páginas tantas já sabemos de cor e salteado as jogadas que vão ser relatadas pelo computador. Sim, leram bem, relatadas...

Assim, logo que o jogo é iniciado, vai surgindo um relato daquilo que se vai passando no terreno. A diferença é que podemos intervir directamente no seu desenrolar, mas de uma forma totalmente inovadora. Temos várias teclas de acção (correr, passar, centrar, rematar, cortar, etc.), e pressionar a tecla mais adequada no momento exacto, é meio caminho andado para conseguirmos chegar ao golo. Também facilmente nos apercebemos da forma correcta de fazer as coisas. Por exemplo, se tentarmos cortar a jogada sem antes corrermos para perto do adversário, o resultado é uma falta grosseira. Mas rapidamente interiorizamos a mecânica e aquilo que pareciam ser muitas teclas ao início (continuam a ser), começam a parecer menos e começamos a deixar de falhar jogadas porque nos enganámos a seleccionar a opção mais correcta. As teclas mais importantes são o "Q" (correr devagar para nos aproximarmos da bola), "P" (cortar, mas apenas após estarmos junto ao jogador que tem a bola), "B" (passar) e "N" (rematar, mas quando estamos em posição de golo). "M" também é muito útil para os cantos e centros. De qualquer forma, é indispensável ler previamente as instruções...

É claro que um jogo com estas características não vai ser do agrado de todos. Quem espera por um jogo de arcada tipo Match Day II, não é aqui que vai encontrar algo à sua medida. Mesma coisa para quem espera encontrar aqui o sucessor de Football Manager ou Elifoot. No entanto, quem tiver abertura de espírito e quiser experimentar algo diferente, temos a certeza que Futebol 86 não irá desiludir. Se podia ser melhor? Sem dúvida, o jogo é algo limitado ao não incluir a escolha de jogadores ou de tácticas, que iria trazer alguma diversidade. E depois de ganharmos a primeira vez o campeonato, poucos motivos temos para voltar a fazer a campanha. Mas até isso acontecer, vamos ter que treinar muito.

Encontra-se então recuperada mais uma pérola da programação Portuguesa (e não foi fácil chegar a esta). Em breve iremos partilhá-lo com a comunidade e, quem sabe, o seu autor tenha agora o reconhecimento que faltou em 1986.

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