domingo, 15 de março de 2020
The Perils of Willy
Nome: The Perils of Willy
Editora: Highriser
Autor: Allan Turvey
Género: Plataformas
Ano de lançamento: 2020
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1
Desde que Matthew Smith iniciou a saga do mineiro Willy em 1983, apareceram dezenas de clones, a maior parte utilizando o próprio motor do jogo. Regra geral são interessantes, e já faz um ano que surgiu um que gostámos particularmente: Manic Pietro. Andávamos assim tão ou mais sedentos de um novo desafio, do que Willy de uma boa cerveja. Bem, não é preciso exagerar, mas o que é certo é que Allan Turvey (aka Highrise) fez-nos a vontade, lançando um episódio da saga, que apenas tinha aparecido para o Commodore VIC-20, em 1984, nunca tendo surgido para o nosso Spectrum.
Antes de mais esclarecer que, mesmo a história sendo ao jeito de Jet Set Willy, a mecânica do jogo tem muito mais a ver com Manic Miner, do que com o primeiro. Isso porque apresenta apenas ecrãs estáticos, passando-se de nível (são 32) sempre que se apanham todos os objectos (notas de música) em cada cenário.
Mas voltando à história, essa envolve borga e a Maria, pois claro. Assim, Willy passou a noite na farra, a dançar e a beber até de madrugada. Já num estado bastante embriagado, resolveu curar a piela caminhando até casa, curando-a com o ar fresco, ao invés de chamar um táxi (na altura ainda não havia a Uber), correndo o risco de por lá bolsar. Foi assim andando alegremente pelo parque, apanhando as notas musicais que magicamente ia aparecendo pelo ar. Notas musicais? Então mas não era suposto serem elefantes cor-de-rosa? Seja como for, pelo meio encontram-se muitos obstáculos e muito inimigos, desde patuscos cães, pássaros, balões, até locomotivas, que dificultam em muito a tarefa de Willy.
Allan Turvey tentou ser o mais fiel possível ao original, que saiu para o VIC-20, mas mantendo o "feeling" do Spectrum e de Manic Miner. Para isso utilizou um artificio, por forma a manter a resolução do VIC: cerca de dois terços do ecrã são dedicados à acção, enquanto que o restante tem uma bonita imagem e logotipo de The perils of Willy. E por falar em bonita imagem, o ecrã de carregamento é uma verdadeira obra-prima, da responsabilidade de Craig Howard. Inicialmente até pensávamos que tivesse sido desenhado pelo suspeito do costume, Andy Green, mas o "culpado" é outro. Vamos também seguir com atenção os seus próximos trabalhos, evidentemente...
The Perils of Willy é também tão difícil, ou ainda mais, até, que Manic Miner (experimentem o nível 25, por exemplo). Quem gosta de desafios fáceis e relaxados bem pode partir para outra. No entanto, algo que nos agradou bastante no jogo foi a forma como o nível de dificuldade vai crescendo ao longo dos níveis. Os primeiros são bastante simples, quem tem prática nas aventuras de Willy, completa-os ao pé coxinho. No entanto, a partir de meio do jogo, os desafios começam a ser apenas para os experts na matéria. Já sabem do que falamos, um tempo e uma precisão de saltos ao pixel, exigindo concentração máxima para se conseguir superar os obstáculos.
A mesma coisa se passa com o tempo disponível para se completar cada nível. Ao início parece ser muito, e que chega e sobra para todos os níveis. Mas isso porque o caminho a fazer-se é imediato, não havendo atalhos ou bifurcações. Mas a partir de certa altura é fundamental começar-se por estudar muito bem o caminho a percorrer, com isso perdendo-se tempo precioso. Em alguns níveis é obrigatório recolher uma determinada nota em último lugar, pois tal como em Manic Miner, existem blocos que se desfazem, outros cujas secções bloqueiam o caminho, e sendo Willy avesso a grandes alturas, tem que ponderar muito bem qual o último objecto a recolher. Assim que lhe toca, o nível imediatamente termina, anulando o efeito que qualquer queda mortal pudesse ter.
Allan Turvey manteve assim a jogabilidade típica da versão para o Spectrum, e no nosso entender foi a melhor opção que tomou. Quem gosta da série, irá de facto adorar The Perils of Willy, uma das melhores até agora. Quem não gosta, bem, não será agora que vai mudar de opinião.
Os cenários remetem obviamente para a versão VIC, mas mantendo a "traça" do original do Spectrum, e mesmo a imagem do lado direito, primeiro estranha-se e depois entranha-se. De modo algum sentimos que por termos menos 33% de área jogável, o desafio fica menos atractivo. Turvey conseguiu criar um compromisso perfeitamente equilibrado entre manter-se fiel ao original, e manter a jogabilidade das versões para o Spectrum, e isso reflecte-se depois na própria atractividade e "instant appeal" da aventura.
Temos vindo a acompanhar o trabalho deste programador com toda a atenção, reconhecido por pegar em antigos jogos de arcada (e não só, veja-se Bruce Lee RX, por exemplo) e convertê-los para o Spectrum, e se já tínhamos gostado bastante de Terrapins e do remake de Bruce Lee, ainda mais gostámos desta nova aventura do mineiro mais famoso da história dos videojogos...
Poderão aqui descarregar o jogo e fazer uma pequena doação, o que é merecido.
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