quarta-feira, 9 de junho de 2021

SuperHair


Nome: SuperHair
Editora: Bitmap Soft
Autor: Lee Stevenson
Ano de lançamento: 2021
Género: Shoot'em'up
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1

Depois dos muito interessantes The Hair-Raising Adventures of Mr. Hair e Mr Hair & the Fly, Lee Stevenson completou a trilogia deste incomum personagem, com o lançamento de SuperHair. E mudou completamente o registo, pois se os dois primeiros jogos da série eram platformers puros, o mais recente é um shoot'em'up do género de Chronos. O jogo foi desenvolvido com recurso ao motor S.E.U.D., e sabemos bem as limitações desta ferramenta que tinha caído no esquecimento, mas que nos últimos tempos nos deu uma overdose de jogos, que usam e abusam dela. É necessário algum cuidado, para não se cair no exagero, semelhante aquilo que se passa atualmente com o AGD e o La Churrera, onde são criados mensalmente inúmeros jogos iguais a tantos outros, que passam a ser consumidos como se de fast food se tratasse (para usar as palavras de Alessandro Grussu).

Tínhamos algum receio que SuperHair fosse cair nesta última categoria. Felizmente os nossos receios não se confirmaram, não querendo dizer que o jogo esteja isento de alguns vícios, a maioria deles devido às próprias limitações do motor. Mas as virtudes mais que compensam os seus defeitos e o resultado final é bastante agradável. Corremos mesmo o risco de dizer que provavelmente será o melhor jogo desenvolvido com o S.E.U.D..

A história é muito simples: o planeta Hairtooine está sob ataque do maléfico império dos Mutantes. SuperHair, tal como acontecia nos episódios anteriores, é a única esperança para terminar com a ameaça. Para isso tem que se embrenhar no planeta e eliminar os sete "big bosses" mais os seus exércitos, ao longo de quatro níveis. Mas a tarefa não é fácil, pois os inimigos aparecem aos magotes, felizmente que em padrões regulares e sempre no mesmo sítio, pelo que se pode memorizar de onde irá aparecer a próxima vaga. Mesmo os chefões tem padrões regulares o que permite que, com um pouco de estudo, possamos dar conta deles. No entanto, o problema maior são mesmo os cenários, pois qualquer toque nas paredes das cavernas ou noutro qualquer elemento dos planetas, reduz drasticamente a energia de Mr. Hair. E estas são bastante estreitas em alguns pontos, tendo mesmo alguns becos sem saída.

Vamos então às lacunas. Em primeiro lugar, e já que falamos em energia, não somos propriamente adeptos de shoot'em'ups nos quais os disparos dos inimigos e as colisões não são fatais. Isso retira um pouco de adrenalina, pois sabemos que podemos ser um pouco menos cuidadosos na abordagem que fazemos. Depois, os níveis não são particularmente longos, mas isso já era de esperar, dadas as limitações de memória decorrentes do uso do S.E.U.D.. Por fim, quando lidamos com alguns dos os chefões (não todos), existem pontos cegos onde poderemos descontraidamente disparar contra eles, sem correr o risco de com eles colidir. Claro que para descobrirmos estes pontos, implica estudarmos um pouco a situação, mas também não será muito complicado perceber onde ficar. Felizmente que nos níveis mais avançados isso já não acontece, até por força da gravidade, que nos puxa contra alguns obstáculos.

Mas não queremos que fiquem com a ideia que não gostámos do jogo. Muito pelo contrário. Este foi um jogo que foi crescendo em nós aos poucos, e não foi inocentemente que falámos em Chronos. Isto porque tem características semelhantes a esse, nomeadamente uma excelente jogabilidade e a mesma capacidade viciante. Não é por acaso que os melhores shoot'em'ups têm uma configuração horizontal, potenciando ao máximo a dimensão do ecrã.


Ainda tendo Chronos como comparativo, felizmente que SuperHair não é tão fácil como o primeiro, naquela que constituía a sua maior pecha. Não sendo um jogo particularmente longo, e tendo a vertente já referida da barra de energia em detrimento de mortes imediatas, o ponto fulcral seria encontrar-se um equilíbrio perfeito do nível de dificuldade. E isto acontece em SuperHair, pois os primeiros níveis são relativamente fáceis, ainda mais quando temos a possibilidade de recargas de energia estrategicamente colocadas no planeta, mas os dois últimos, e em especial o confronto com os "big bosses", obriga-nos a um exercício de grande destreza.

Outro ponto que gostámos particularmente em SuperHair é a fabulosa apresentação. Desde o belíssimo ecrã de carregamento, uma verdadeira obra-prima, ao som e melodias, bem como à voz sintetizada que anuncia o início da missão (juntamente com os acordes bem conhecidos de Arkanoid), até aos cenários e gráficos deslumbrantes, tudo convida a levar o jogo até ao fim. É uma verdadeira delicia ver o jogo correr. Já agora, Rich Hollins é responsável pelo som beeper na versão 48K e Pedro Pimenta pelo AY, na versão 128K.

Quem gosta de jogos de tiro'neles, certamente que irá ficar saciado com SuperHair. Quanto aos outros (e incluímo-nos nesse caso, pois de longe não é o nosso género preferido), vale bem a pena passar uns momentos a disparar contra tudo o que se mexa. Poderão vir aqui descarregar o jogo (disponível em breve), ou se preferirem a versão física, poderão aqui obtê-la via Bitmap Soft. Como habitual, parte das receitas vão para fins de beneficência.

4 comentários:

  1. Sendo Shoot'em'up eu vou conferir. Plataformas não consigo mais. Salve raras exceções.

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    1. Estamos no mesmo pé, também já estou saturado de 1.001 jogos iguais uns aos outros... :)

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  2. A apresentação visual parece estar excelente pelo que se vê nos screenshots. Isso já ninguém tira. Será que também corresponde uma boa jogabilidade? Se foi feito no SEUD então receio que as limitações do engine se façam notar.. Curioso para ver quando sair a versão digital.

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