sexta-feira, 18 de outubro de 2024

Mijadore 2: the Key


Nome: Mijadore 2: the Key
Editora: NA
Autor: EdD
Ano de lançamento: 2024
Género: Plataformas
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 128K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Aqui

Tínhamos prometido a nós próprios que tão cedo não iríamos fazer reviews de jogos Espanhóis, por razões que um dia explicaremos.  Mas depois de vermos a qualidade deste jogo, voltámos com a palavra atrás. Ainda mais quando o seu autor, de forma muito gentil, ofereceu-se para criar a versão Portuguesa, como forma de homenagear a nossa comunidade. Ficámos bastante sensibilizados, portanto, siga a análise... 

Obviamente que também já tínhamos testado o jogo antecipadamente, mas mesmo assim não dispensámos de ver a sua apresentação no canal de Javi Ortiz, el Spectrumero (ver aqui), sempre muito proficiente e conhecedor da cena homebrew, em especial a de nuestros hermanos. E apesar de o termos terminado, sempre vamos descobrindo novos truques neste brilhante jogo, sempre que vemos estes vídeos.

Assim, Mijadore 2: the Key, é a sequela de The Mijadore Vase, um jogo que apareceu de rompante no final de 2023 e que por uma unha negra não fez parte do GOTY, com muita pena nossa (foi o 12º jogo mais votado do ano e esteve também à porta dos cinco primeiros nas categorias de Origem Espanhola e de Plataformas). No entanto, isso não foi motivo para fazer desmoralizar o seu autor, que meteu mãos à obra e criou um jogo ainda melhor e maior que o primeiro. São tantos os pormenores deliciosos, muitos que já vinham do seu antecessor, que temos a certeza que desta vez irá fazer parte da gala que celebra os melhores jogos do ano.

A história é agora muito mais "futurista". Assim, depois do vaso Mijadore ter sido encontrado, rapidamente a decepção tomou conta das pessoas. Ninguém conseguiu abrir o poderoso escudo que o salvaguardava dos olhares indiscretos. Mas eis que um jornalista que veio cobrir a notícia, tira umas fotografias e descobre algo espantoso: numa das fotos consegue-se ver umas pequenas marcas, destacando-se uma em forma de pequena protuberância brilhante. Com a ajuda da IA, consegue identificar esses pontos como um conjunto de satélites no sistema solar, e a protuberância brilhante, como um dos quatro satélites galileanos que orbitam ao redor de Júpiter, nomeadamente Europa. Eis que o mistério se adensa e cabe agora a uma desajeitada personagem conseguir resolvê-lo. Nós, pois claro...

A mecânica de Mijadore 2 é igual à do primeiro episódio, com alguns polimentos. No entanto, os objectivos são agora completamente diferentes. O nosso personagem tem em seu poder uma mochila, que lhe permite guardar os vários objectos que vai recolhendo e que lhe permitem ir avançando na aventura. São oito objectos, mais os passes zonais (sem eles não irá longe), não esquecendo as baterias, que permitem pôr a nave a funcionar, e ainda as poções da vida. É possível terminar a aventura sem recolher tudo, mas se queremos atingir os 100%, teremos que obter todos os objectos, e isso implica muita exploração, muito sobe e desce, e um forte sentido de orientação neste labiríntico planeta. Mais uma vez, tal como na prequela, vem-nos à memória Abu Simbel Profanation ou Sir Fred, mas também aventuras mais modernas, nomeadamente as de Andy Johns (saga Níxy e Monty Mole), ou a saga Cocoa, de Minilop. E estejam atentos, está para breve a sequela de Fred e Sir Fred.

Os inimigos e obstáculos também aumentaram, quer em número, quer na tecnologia. Os robôs são a forma mais corrente de "vida" nestes estranho planeta. Alguns até são razoavelmente inteligentes e, quando nos põe a vista em cima, aceleram o passo. Felizmente que nem tudo correu bem na montagem e a sua vista é deficiente, pois quando se aproximam de nós, retomam o passo normal. Mesmo os morcegos, agora numa versão robotizada, também denotam alguns problemas. Por vezes são muito rápidos, e não é fácil evitá-los, mas felizmente outros voam a passo de caracol. E existem muito mais inimigos, todos devidamente documentados no manual que acompanha o jogo. 


Mas também ao nível artístico, isto é, gráficos, cenários e música / som, EdD leva nota máxima. Os gráficos são muito bonitos, e os cenários e ecrãs exemplarmente ligados uns com os outros, contribuindo para que os diversos quebra-cabeças funcionem na perfeição. Por vezes parece que determinado caminho não é possível de ser feito, mas investigando-se com mais cuidado, verificamos que afinal existe por ali uma saída. No entanto, deve-se ter sempre em conta o moral do nosso personagem, pois apenas em determinados estados conseguimos atingir alguns pontos mais elevados. E não esquecer que o próprio local onde é possível aumentar o moral (teremos que ir a esses pontos com muita frequência), não só eleva o nosso estado de espírito, mas também o personagem, levando a alguns pontos que parecem inacessíveis (isto é uma dica).

Os pormenores são imensos e o programador dedicou um extremo cuidado a tudo, não deixando nenhuma ponta solta (não encontrámos um único bug). Não é assim de admirar que este seja daqueles jogos que não descansamos enquanto não o terminamos. Não é fácil, avisa-se já, até porque por vezes temos tendência a andar rápido de mais, em especial quando temos receio que o nosso estado de espírito esmoreça (foi a morte do primeiro explorador deste planeta). Mas é uma delícia tentarmos chegar ao fim, ainda mais do que no primeiro episódio. Não é por acaso que dissemos que que havia semelhanças com Andy Johns e Minilop (Bruce Groves), pois também esses começaram com jogos bastante razoáveis, para depois atingirem a perfeição.

Aconselhamos fortemente a descarregarem Mijadore 2, a deixarem uma palavra de alento ao seu autor (podem fazê-lo na sua página itch.io aqui) e dar uma pequena doação. É já um valor seguro no panorama do ZX Spectrum e estamos agora ansiosos para ver o seu próximo trabalho, quem sabe a terceira parte desta saga.

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