sábado, 9 de julho de 2022

/\O[]

Nome: /\O[]
Editora: Teknamic Software
Autor: Amaweks
Ano de lançamento: 2022
Género: plataformas
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1
Link para descarga: Aqui  

Depois de um período em que os jogos estandardizados eram reis e senhores dos novos lançamentos, eis que agora começam a aparecer jogos extremamente originais, como é o caso deste /\O[] (ou TCQ - Triângulo, Círculo, Quadrado, se preferirem). E congratulamo-nos por ver os programadores a esforçarem-se para apresentarem desafios inovadores (ainda recentemente tínhamos tido देव, mais um título com símbolos ou linguagem fora do comum, nomeadamente sânscrito). De facto, com o mercado tão saturado de jogos, ainda mais com 90% a serem desenvolvidos com plataformas como o AGD ou o La Churrera, é uma lufada de ar fresco surgirem trabalhos que se diferenciam de tudo o resto.

E /\O[] poderia ser mais um vulgaríssimo jogo de plataformas. No entanto, o seu autor optou por apresentar algo que, apesar de ter um conceito muito simples, a sua implementação é tão boa que não conseguimos largar o jogo enquanto não o terminámos. A espaços fez-nos lembrar um pouco Nothing, embora não exija tanto da máquina. Não é por acaso que em 48K conseguimos correr o jogo, embora as melodias naturalmente não estejam incluídas.

Aquilo que desde logo salta à vista quando carregamos o jogo é o seu grafismo brilhante. Claramente inspirado na arte Abstracta, vale a pena ler aquilo que o seu autor pensou quando desenvolveu /\O[]: Mas em /\O[] consegui finalmente o objetivo maior de utilizar o "Colour Clash", a princípio uma limitação, um defeito, como um efeito gráfico de luz, sombra, sobre posições, simulação de rolagem automática de telas, e estética geral do jogo. Falando nela, a estética (a não ser confundida com a palavra cosmética) é pensada de forma que cada tela forme um quadro, uma tela, abstrata e em movimento. Sim, acertou quem olhou para a imagem e pensou em Piet Mondrian. Confesso que minha intenção inicial era me inspirar em Wassily Kandinsky, mas as limitações gráficas do micro computador dialogaram mais com o abstracionismo retilíneo de Mondrian do que com aquele mais orgânico do autor de "Do Espiritual na Arte". Mas de Kandinsky ficaram as formas básicas: o círculo, quadrado, triângulo, a linha e o ponto. 

Como dá para reparar, cada ecrã parece um quadro, ofuscando-nos com as suas linhas e, por vezes, a obrigar-nos a pensar qual o melhor caminho a percorrer. Nem tudo o que parece, é, e isso faz parte da diversão que vamos tirando ao longo deste jogo.

Círculo, quadrado, triângulo... Voltamos ao título do jogo, e realmente tem a ver com estas formas geométricas. Tudo começa com o círculo, a forma geométrica que controlamos inicialmente. Esse objecto tem uma característica inata: salta. As outras duas formas geométricas que podemos assumir o controlo também têm as suas características e saber utilizá-las no momento certo, é a chave para se ir resolvendo os quebra-cabeças que vão aparecendo à medida que vamos explorando os cenários. Assim, o quadrado tem a capacidade de destruir alguns pontos do solo, permitindo que possamos cair das plataformas, enquanto que o triângulo dispara, muito útil para eliminar alguns dos inimigos com que nos deparamos, mas em especial para tirar alguns obstáculos do caminho. 

Não se preocupem, pois apesar dos cenários serem labirínticos, em momento algum ficaremos bloqueados sem possibilidade de voltar a percorrer o caminho que fizemos. Além disso, apenas necessitamos de estar preocupados com a perda de vidas, na medida em que tentaremos chegar ao fim com o menor número de mortes. Sempre que perdemos uma vida, e isso acontece sempre que um obstáculo, um inimigo, ou o seu disparo (os triângulos ripostam), nos atinge, voltamos ao início desse quadro, mas sem outro tipo de consequências

Por outro lado, para assumirmos uma forma diferente, temos que apanhar os ícones com esse formato que estão em alguns pontos do ecrã. Se por acaso nos enganamos na forma que queremos assumir, isto é, apanhamos o ícone errado ou de forma prematura, apenas temos que voltar ao ecrã onde estava o ícone mais adequado à situação. Conforme dissemos, em momento algum ficamos bloqueados sem possibilidade de chegar ao fim.

O jogo tem vários níveis, e esses vão sendo complementados por alguns mais "cerebrais", nos quais temos que acima de tudo entender a situação e resolver a charada, e outros onde a destreza é mais importante. Destacamos um perto do final onde temos que ir subindo uma escadaria, ao mesmo tempo evitando os tiros do inimigo. Mas apesar de ser necessário alguma experiência para se ir completando os níveis, nunca se torna um exercício frustrante (Nothing é bem mais difícil, por exemplo). /\O[] funciona na perfeição como um exercício anti-stresse, e talvez seja por isso que logo depois de o terminarmos, a ele voltámos para tentar finalizar num menor número de tentativas.

Amaweks, o alter ego de Andrés, está então de parabéns. Depois de Devwill Too ZX e de Virgil's Purgatory, oferece-nos mais um excelente jogo, capaz de nos pregar ao ecrã horas e horas. Será certamente um dos candidatos ao GOTY 2022, pelo menos na categoria Luso-Brasileira, depois de já ter vencido essa categoria em 2021.

3 comentários:

  1. Creio que foi o Kandinsky que me veio à cabeça a primeira vez que vi o jogo. O Paulo abraçou o "colour clash" (não é uma limitação) que se encaixou muito bem na estética das pinturas de Mondrian. Mas o interessante, e que se vai descobrir na próxima terça, é que a arte não tem fronteira entre o digital e o material! Mais não digo! ;)

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  2. I LOVE this game. It does not shy away from the colour clash limitations & make monochrome graphics, it leans into them and makes the clash a total asset.

    It also makes a virtue of only having one fire button to jump or fire.

    I love the change of pace when the forced scrolling starts.

    Having used MPAGD for all our games I had no idea it could produce something so unique and original.

    I don't think it is an exaggeration to say that this is my GOTY so far. A complete work of art!

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    1. It´s a wonderful game. I wish I had given it a 9 :)

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