Nome: El Bigotudo
Editora: Red Triangle
Autor: Romancha, Jerri, MmcM, Shadow Maker, Oscar Martin Garcia
Ano de lançamento: 2024
Género: Aventura
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 128 K
Número de jogadores: 1
Descarga: Aqui
Quem andava com saudades dos jogos vindos do outro lado da cortina de ferro, tem agora motivos para deliciar-se com o novo trabalho de Romancha (White Jaguar) e companhia. E vamos ser sinceros, é o melhor jogo que vemos em muitos, muitos meses (talvez anos). Atrevemo-nos a dizer que supera mesmo Seraphima, Wonderful Dizzy ou Marsmare: Alienation, três dos melhores jogos que saíram nos últimos tempos. E falamos nesses três, porque duma forma ou doutra, têm semelhanças com El Bigotudo. Se por acaso são daqueles que dizem que tudo o que se faz hoje em dia não chega aos calcanhares dos anos 80 (nesse caso não sabem o que têm vindo a perder), poderemos referir mais dois jogos que também vêm à memória: Dan Dare e V, este último pelos muitos quebra-cabeças que vão encontrar durante esta aventura.
Da história do jogo já aqui falámos, além de que a página dos criadores tem a história e as instruções com maior detalhe, devidamente acompanhados de um curto, mas magnífico manual. Quando o folheamos pela primeira vez, ficamos quase na mesma. Isso não se deve a uma falha da equipa programadora, que desenvolveu um jogo magnífico e depois já não teve tempo (ou dinheiro) para elaborar um manual detalhado. Não, isso é totalmente propositado, pois a ideia é irmos explorando o jogo e desvendando os seus muitos segredos, dando o manual apenas algumas pistas. E só depois de muito explorarmos os corredores desta base alienígena, começamos a apreender na totalidade os esquemas que constam no manual. Ou talvez não, pois alguns são quase tão indecifráveis como os códigos de V ou Captain Blood.
O cuidado dos programadores neste lançamento estende-se à intro, a qual temos possibilidade de ver assim que carregamos El Bigotudo. Dá logo um cheirinho daquilo que vamos encontrar e apresenta-nos o herói desta aventura, um beberrão inveterado, que entorna cervejas e whisky, como as pessoas normais bebem água. Mas apesar disso, é valente, e mesmo tendo sido metido à força pelos alienígenas na sua base, vai fazer de tudo para regressar a casa. A propósito, o jogo tem vários finais e mesmo depois de o terminarmos, as surpresas não cessam...
Mas comecemos do início. Acordamos então na base alienígena, composta por cinco níveis ligados por um elevador, que além de servir de transporte, é também um local muito útil para nos escondermos dos robôs que patrulham os corredores. Há-os de várias formas e feitios, alguns são apenas zombies, que não ofereceriam perigo por ai além, não fossem aos magotes. Temos sempre a possibilidade de nos disfarçarmos de zombi, para isso vestindo a máscara que um indigente troca connosco, se lhe oferecemos o que ele pede. Esses são fáceis de identificar, normalmente estão encostados a um canto, com ar de quem estiveram a fazer companhia ao nosso herói nos copos. Além disso, normalmente pedem objectos a condizer, como tabaco ou facas. Mas dão-nos sempre algo muito útil em troca.
Mais chatinhos são os robôs, que periodicamente e se sentem a nossa presença, disparam. Além de serem de maiores dimensões que os zombies, e por isso mais difíceis de serem ultrapassados com um salto, patrulham normalmente pontos que têm armadilhas nas quais podemos cair, duplicando o perigo. Mas nada que três tiros bem dados não resolva, pressupondo que encontramos a arma e as balas.
Nos pisos inferiores existem ainda os guardiões robotizados, que disparam assim que entramos no seu raio de acção. Para esses, temos que estudar muito bem o caminho que fazem, por forma a evitá-los (a nossa arma nada pode contra eles).
Junta-se a este rol de monstruosidades, seres viscosos que se agarram aos tectos e caem quando menos se espera, engenheiros informáticos (no último andar) que deveremos saltar (não convém desperdiçar balas com estes), e ainda robôs com periscópio que se encontram no satélite, ao qual podemos aceder se encontrarmos um capacete e conseguirmos activar o elevador.
Poder-se-ia pensar que os inimigos e os muitos obstáculos que povoam os corredores são o nosso principal problema. Longe disso, pois ao final de algum tempo, já sabemos como contornar todos os perigos. O principal problema está nos muitos quebra-cabeças que vamos encontrando ao longo da aventura. E se para alguns, são dadas pistas ou até são problemas bem conhecidos das pessoas, como o da primeira imagem, no qual temos que conseguir dividir o liquido entre dois contentores, outros são menos óbvios, nomeadamente o do gerador de quantum, responsável por activar ou desactivar certas partes da base. Neste caso, só com a experiência e muitas tentativas conseguiremos perceber como aquilo funciona (e já agora, qual a sua utilidade).
Outra dificuldade, pelo menos até encontrarmos a forma de a resolver, tornando-se depois uma boa ajuda, são os inúmeros atalhos que se encontram na base. Alguns são óbvios, pelo menos depois de os conseguirmos desvendar. Mas outros estão bem escondidos, e só por tentativa e erro é que damos com eles. Um conselho: experimentem tudo em todos os locais. Por vezes poderão ficar surpreendidos com as portas de cavalo que vão encontrar. Deixamos também uma nota: é possível ficar-se bloqueado no jogo, entrando por um atalho e indo parar a uma sala sem retorno, e onde todas as portas se encontram bloqueadas (no painel de controle no nível 3 tínhamos bloqueado precisamente as portas). Mas é apenas um pequeno pormenor.
A par de uma jogabilidade fantástica e de quebra cabeças extremamente inteligentes, e que nos irão tomar muitas horas até os conseguirmos resolver, os cenários são também magníficos. A profusão de cores é assombrosa, não existindo nem um pouco de color clash, no entanto, não se perdendo a sensação que estamos perante um jogo do ZX Spectrum. Graficamente, como no resto, atinge a excelência, e o som alinha pelo mesmo diapasão. A equipa programadora não descurou um único pormenor e por vezes paramos e limitamo-nos a ficar apenas a ver, deslumbrados, os cenários que se desenrolam à nossa frente.
El Bigotudo é uma obra-prima do ZX Spectrum, entrando directamente para a restrita galeria dos melhores jogos de sempre. É totalmente absorvente e viciante, e podemos garantir que quem o experimentar, não vai descansar enquanto não chegar ao fim. Sem dúvida alguma, é o jogo do ano até agora, e só não arriscamos a dizer que vai ser o principal candidato ao GOTY, porque até final do ano vamos ter algumas surpresas bem saborosas e que ainda estão no segredo dos deuses (a nossa boca é um túmulo).
O jogo tem um custo de 3 euros. O que podemos dizer é que é uma pechincha. Há muito tempo que não dávamos por tão bem empregue dinheiro com um jogo...
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