Nome: Bat Boy
Editora: NA
Autor: Antonio J. Pérez
Ano de lançamento: 2020
Género: Acção
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1
Há muito tempo que não tínhamos uma aventura de Batman para o Spectrum. Antonio J. Pérez, que já este ano nos tinha trazido uma obra-prima (Black & White), pegou neste herói (ou em Bat Boy, para sermos correctos), e convidou-o a salvar mais uma vez Gotham City. É este então o tema de mais um concorrente de peso ao Concurso MK1 con Retromaniac, competição que tem trazido uma quantidade surpreendente de trabalhos de elevada qualidade. São já meia dúzia, e mais alguns estão a caminho, até porque ainda falta uns dias para o deadline...
Assim, Gotham City está novamente em perigo. O maléfico exército de Guasón-Bot invadiu as ruas da cidade e apenas Bat Boy tem poder para o destruir. Para isso, ao longo de seis níveis, a pé ou saltando, ao volante do seu batmobile ou a dirigir o seu batwing, terá que passar por todas as zonas da cidade e tentar eliminar o máximo de inimigos. Tudo o que mexe é para destruir, sejam meliantes, robôs, ou até candeeiros precariamente pregados no tecto (sim, é possível destruí-los antes que atinjam o nosso herói).
A estética de Bat Boy leva-nos ao Game Boy, da Nintendo. Aliás, o jogo é claramente inspirado em Batman: The Video Game, de 1989, não faltando sequer a fase em que aos comandos do batwing, temos que destruir helicópteros e aviões.
Já referimos também que existem seis níveis, sendo um dos grandes trunfos do jogo. Existem diferenças significativas entre eles, e este é um dos casos em que a soma das partes é maior que o todo. Estivéssemos perante apenas os níveis de plataformas, e seguramente que o interesse de Bat Boy seria menor. Mas vamos então aos níveis...
1 – Gotham Streets
O primeiro nível é passado nas ruas de Gotham City. Os inimigos vão patrulhando-as e necessitam de dois balázios no bucho para irem para os anjinhos. Na realidade não nos deslocamos nas ruas, mas sim nos telhados, pois vamos saltando entre edifícios, fumeiros, terraços, etc.. E apesar do nosso herói ser um morcego e até poder dar grandes saltos e planar, se cair dos edifícios, perde uma vida e volta ao início desse nível. Os inimigos também disparam, tendo Bat Boy capacidade para suster até cinco tiros do adversário.
2 – On the Road (Batmobile)
Depois de ultrapassada esta primeira fase com cerca de uma dúzia de ecrãs, chegamos a uma porta que leva ao nível seguinte. Não é necessário que todos os inimigos sejam eliminados, ao contrário do que é dito na sinopse do jogo. Assim, uma boa táctica é ir evitando-os e só atacar quando não existe outra alternativa.
O nosso herói mete-se então à estrada ao volante do batmobile e ao longo de um determinado percurso, cuja distância ao ponto de chegada vai naturalmente diminuindo (no cimo do ecrã pode-se visualizar a distância até final), tem que evitar ou abater as viaturas adversárias que caminham na sua direcção. Por vezes encontram-se algumas barreiras pelo caminho, mas nada que constitua grande dificuldade. De todos, é o nível mais fácil de ser ultrapassado (já que falamos de viaturas)...
3 – 777 Factory
O terceiro nível é passado numa fábrica, e embora a mecânica do jogo remeta para a primeira fase, isto é, para as plataformas, o cenário muda um pouco. Assim, agora não nos deslocamos por entre edifícios, mas sim sob tubagens. Mais uma vez existem buracos nos quais não poderemos cair, doutra forma volta-se ao início do nível.
4 – The Art Museum
Ultrapassada a fábrica, chegamos ao museu de arte. Muito parecido com as primeiras e terceiras fases, destaca-se por existirem mais buracos (gaps), tendo que haver maior cuidado por onde saltamos. Os inimigos são também mais complicados, juntando-se aos robôs que surgiam na fase anterior e que têm a capacidade de saltar obstáculos, candeeiros mal atarraxados e colocados nos locais mais inconvenientes, e sob os quais temos necessariamente que passar.
5 – Up In the air (Batwing)
No quinto nível saltamos para os comandos do batwing e entramos no campo do shoot'em'up puro. Existem 30 inimigos para abater, só então se pode ir para a última fase. No início apenas surgem os helicópteros, mas depois de abatermos 10, a tarefa complica-se, pois entram em cena os aviões, bastante mais rápidos e que disparam contra nós um pouco antes de saírem do ecrã. De todas as fases, esta parece-nos a única que poderá constituir um desafio um pouco mais complicado para quem já é experiente nestas andanças.
6 – The Cathedral (Joker-Bot home)
Na sexta fase, voltamos às plataformas. Os inimigos agora vêm equipados com coletes anti-bala, sendo necessário mais tiros certeiros para que sejam eliminados. Além disso, nas paredes encontram-se gárgulas que disparam tiros, além de pedras rolantes a caírem do tecto, exigindo do nosso herói maior destreza, não só no salto, mas na capacidade de planar. Sim, a chave para se atingir plataformas que à partida parecem demasiado distantes será saltar e, na fase descendente, carregar na tecla para cima. Isso faz com que Bat Boy abra as asas e possa planar, aumentando um pouco a distância horizontal do salto.
Se tudo correr bem, chegamos ao ecrã final, onde temos então que lutar contra o próprio Guasón-Bot. Este salta e esperneia e, para ser eliminado, tem que levar com uma boa dose de chumbo na cabeça. Mas nada que não se consiga ao fim de duas ou três tentativas.
Bat Boy tem alguns pormenores engraçados, como a possibilidade do herói poder planar, num efeito muito bem conseguido e que dá gosto ver. Os próprios ecrãs estáticos que acompanham o jogo (habitual neste autor), criados pelo Mestre Igor Errazking, são excelentes. Vale a pena completar a aventura, nem que seja para ver o ecrã final com que somos presenteados. Destaque ainda para as várias melodias presentes, mostrando os dotes musicais de Antonio J. Pérez.
Por outro lado, havendo grande diversidade entre os níveis, disfarça algumas das lacunas que encontrámos. A principais são a monocromia (a coloração verde de fundo dos ecrãs não é a mais feliz, por vezes fazendo parecer os cenários muito despidos), mas em especial os níveis não serem longos. Com um nível de dificuldade baixo, não existindo muitos inimigos para negociar, não existindo tempo limite para completar os níveis, ao final de duas ou três tentativas (se não ficarmos encalhados na fase 5), completamos o jogo. Parece-nos que bastava o seu autor ter contemplado um tempo limite (curto) para se completar as fases 1, 3, 4 e 6), que iria fazer aumentar consideravelmente a longevidade de Bat Boy. Além disso, já não se usa perder a vida e voltar ao início do nível, por muito que que se queira respeitar o original.
Assim, não sendo Bat Boy um mau jogo, muito longe disso, também já vimos Antonio J. Pérez fazer melhor. Dá ideia que algumas partes foram terminadas um pouco à pressa. No entanto, é divertido, e quem o for experimentar seguramente que não se vai arrepender e que não vai desistir enquanto não o completar.
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