sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Pentacorn Quest


Nome: Pentacorn Quest
Editora: Phoenix Ware
Autor: José Ignacio Rodríguez, Jarlaxe, McKlain, SyX
Ano de lançamento: 2015 / 2020
Género: Plataformas
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Kempston, Sinclair
memória: 128 K
Número de jogadores: 1

Há já muito tempo que queríamos pegar neste jogo, muito elogiado por todos, portanto teria que ser algo de especial (que se confirmou). E aproveitámos agora o seu lançamento via Phoenix Ware, subsidiária da Bitmap Soft, para o experimentar e fazer uma análise mais detalhada. Mas fizemos mais que isso, completámo-lo, pois este é daqueles jogos que assim que lhe pegamos, não descansamos enquanto não o terminamos. E o cuidado que a equipa programadora lhe dedicou é tanto ou tão pouco, que nem uma história fantástica e a condizer com o resto foi esquecida.

Bolotas, bolotas mágicas... É disto que aqui se trata, a busca incessante por cinco bolotas. E isto porque no mundo onde decorre a acção deste jogo, tudo gira à volta das bolotas. Não daquelas que usualmente damos aos porcos no nosso mundo. No mundo de Pentacorn Quest são feitas de ouro maciço e detém grande poder e magia, tanto que até de forma mais ou menos confusa levaram a que as forças da Luz e das Trevas entrassem em guerra. Mas enquanto as forças se gladiavam, as bolotas desapareceram.

Claro que em "casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão", também aqui aconteceu o mesmo. No meio desta barafunda toda, apareceram as mais mirabolantes teorias, um dos males do mundo moderno terreno, também. Mas um dos boatos parecia ter algum fundo de verdade, e que dizia que as bolotas foram depositadas na Greta (nada de piadas obscenas, por favor), o local perfeito para se esconder qualquer coisa. Muitos se aventuraram a ir buscá-las, mas o máximo que conseguiram foi trazer um imenso cheiro a chulé. Cabe a nós ir procurar as bolotas e regressar sem fungos nos pés, de preferência...


Quando iniciamos a aventura, temos logo um vislumbre de uma das bolotas. Lá bem no alto, num local inatingível, descansa uma delas, e ao lado, um objecto enigmático. Mas como fazer para lá chegar? E como utilizar esse objecto? Cedo percebemos então que Pentacorn Quest é muito mais que um mero jogo de plataformas. É uma aventura de arcada completa, à boa maneira das imortalizadas pelo famoso ovo, conhecido de todos pelo apelido de Dizzy.

Também cedo descobrimos que nem tudo o que parece, é, e que aquilo que pisamos pode ter outras funções que apenas suportar o nosso peso. As plataformas roxas que se encontram no chão desbloqueiam alguns dos obstáculos, mas outros necessitam de determinado objecto para serem ultrapassados. Embora a utilidade dos objectos seja mais ou menos óbvia (por exemplo, a picareta ou a dinamite), o local onde devem ser utilizados por vezes nem tanto, e é necessário lá ir por tentativa e erro.

Podemos ter em nosso poder seis objectos de cada vez, e isso é mais do que suficiente para chegarmos ao fim sem andar a correr incessantemente todos os ecrãs (e são 40 neste jogo). Para os utilizar também é muito fácil, a tecla para cima vai seleccionando as casas, e quando chegamos ao objecto pretendido, basta carregar para baixo, sendo o mesmo usado. Já o saltar tem alguma técnica. É preciso não esquecer que Pentacorn Quest utiliza o motor La Churrera, e este tem sempre especificidades ao nível do salto. Assim, consoante a pressão que façamos na tecla de salto, poderemos atingir alturas diferentes. Quem conhece o La Churrera, já está habituado a este sistema, mas mesmo quem não está, rapidamente apanha a sua mecânica.


Além dos quebra-cabeças e enigmas que temos que ir resolvendo ao longo do jogo, também teremos que lidar com vários inimigos. São de oito diferentes tipos e movem-se em padrões regulares, mas como são muito zelosos do seu espaço, se tivermos a infelicidade de o invadir, perdemos uma vida. E estas não abundam, ao contrário de muitos outros jogos criados com o motor dos Mojon Twins, pelo que é fundamental ponderar muito bem os passos a dar, além de dosear muito bem o tempo e altura do salto, embora não exigindo o sempre irritante "pixel perfeito". Já não somos jovens, e platformers ao estilo de Manic Miner já são areia a mais para a nossa camioneta, queremos agora apenas gozar a reforma, de preferência com desafios mais exigentes ao nível intelectual, e menos ao nível motor ou de coordenação das falanges.

Mas não se pense que depois de se obter as cinco bolotas a tarefa terminou. Não, depois de as recolhermos, e atenção que a última delas é um inferno para se obter, teremos que resolver uma última charada e atravessar o portão ancestral. Do outro lado do portão antigo existe um guardião. E para podermos colocar as cinco bolotas no santuário, teremos que arranjar forma de o evitar. Só depois poderemos gozar em segurança o regresso ao mundo conhecido (ou não), de preferência sem chulezada... Já agora uma nota adicional para a sequência final do jogo: este é daqueles que vale mesmo a pena terminar, nem que seja para ver a forma como a equipa programadora recompensou quem terminou a missão com sucesso.


Não é segredo para ninguém que nem sempre apreciamos os jogos criados com motores tipo La Churrera ou Arcade Game Designer. Muitas vezes são estandardizados e repetitivos, mas por outro lado, quando bem utilizados e contendo ideias inovadores, então conseguem atingir a fasquia que apenas os melhores jogos alcançam. Veja-se o caso de Níxy and the Seeds of Doom, por exemplo, um mega jogo para qualquer revista da especialidade nos anos 80 e 90, e criado com um destes motores. E Pentacorn Quest está a esse nível, asseguramos.

A jogabilidade é perfeita, muito fácil de se entrar no jogo, mas difícil de o dominar, nunca sendo frustrante, e com uma qualidade e vertente gráfica  e uma melodia prodigiosa que convida sempre a avançar. Os quebra-cabeças também são lógicos, e com um pouco de pensamento lateral consegue-se ir avançando. O número de vidas é pequeno, mas também sabemos que a maior parte dos jogadores hoje em dia utilizam emuladores (nos anos 80 utilizavam o multiface), pelo que quem quiser ir até ao fim sem grandes trabalhos, com um pouco de manha e batota consegue-o fazer.

Em suma, Pentacorn Quest é dos mais divertidos platformers a aparecer para o Spectrum, e desafiamos alguém a apontar-nos algum criado com o La Churrera melhor. Além disso, existe agora a oportunidade de ter a versão física 128K via Phoenix Ware (antes já havia sido lançado pela Matranet, embora não se encontre actualmente disponível), sendo imperdoável não o experimentar. A cassete pode aqui ser encomendada, sendo brevemente colocada à venda.

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