segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Dizzy Compilation (MIA)


E hoje é dia de Dizzy! Depois de termos lançado a review do novo Dizzy, um jogo brilhante e que correspondeu por inteiro às nossas expectativas, o Luís Rato, e com a devida autorização dos The Oliver Twins, passou-nos uma compilação raríssima com os Dizzy's 3.5, 4, 5, 6, 7 e X. Pois, a compilação inclui algumas das aventuras não oficiais de Dizzy, criadas por fãs russos, e até a versão especial da revista Crash.

Como têm vindo a reparar, o Luís tem uma colecção de fazer inveja a qualquer um. E ao contrário de muitos coleccionadores, que optam por não partilhar aquilo que têm digitalmente (um dia que a cassete se estrague, ficam sem possibilidade de a reconstruir), não tem o mínimo pejo em partilhar aquilo que possuí na sua arrecadação, daí que temos material para muitos meses para irmos colocando em Planeta Sinclair na rúbrica das Segundas. Conversámos um pouco com ele, pelo que vamos citá-lo na íntegra (ficamos assim a conhecê-lo um pouco melhor):

Tal como muitos da minha geração, o ZX Spectrum proporcionou ótimas recordações nos anos 80/90, já nessa época era verdadeiramente obstinado pelo ZX Spectrum, as revistas e jornais com distribuição em PT foram a maior fonte de conhecimento, geravam uma espécie de ansiedade que me fazia correr meio mundo à procura de um jogo, o meu irmão mais velho (Paulo) foi uma espécie de mentor que me ajudou a expandir a minha rede de fornecimento, amigos, lojas e pontos de venda, conhecimento de pirataria, cópia e contrafação, etc., essencialmente o meu portfolio de jogos crescia ao ritmo do alargamento da minha rede de contactos. Nesta altura os meus interesses primavam pela qualidade do jogo, não havia qualquer noção de autores, editoras, características técnicas, etc., o critério era quase binário, jogo bom ficava na cassete e é para tentar completar, jogo mau era regravado com outra coisa qualquer.

Algures em 2004 ou 2005 senti um efeito nostálgico que me levou ir atrás das 900 e tal cassetes que coletei durante a infância, os meus Pais deram-me a triste notícia que alegadamente o meu irmão lhes teria dado outro destino, um enorme desgosto que me gerou uma espécie de sentimento de revolta, empurrando-me para o colecionismo de forma ainda mais obstinada que no passado. Curiosamente uma boa parte destas cassetes foram encontradas no sótão da minha mãe em 2018, convicto que não seria o colecionador que sou hoje se as tivesse encontrado na altura….

Precisamente nesta fase abracei uma longa jornada de colecionismo, inicialmente os meus interesses centravam-se em adquirir os jogos que mais me marcaram em criança, dava por mim meio confuso, porque o mesmo jogo tinha 2 ou mais versões, muitas vezes em diferentes formatos físicos, de diferentes editoras e foi aqui que despertou a busca de maior conhecimento para uma decisão mais consciente no ato de aquisição.

Por volta de 2010 explorava muito mais a informação online, World of Spectrum (WoS) era uma ferramenta diária (hoje praticamente substituído pelo Spectrum Computing), as novas edições de retro gaming começaram a ganhar ainda mais forma, o que contribuiu para a sensação que o Spectrum não estaria totalmente morto, por esta altura mais interessado nas ramificações de cada jogo, editoras e autores, o Dizzy fez parte de um desses exercícios.

Na base de dados do WoS constavam várias versões do Dizzy de origem Russa, bastante intrigado por não encontrar cópias físicas em venda, nem preservação digital das capas, levou-me a tentar entender melhor a origem destes lançamentos e sempre com a miragem que um dia ira conseguir obter uma cópia física das edições Russas do Dizzy.

Há 3 ou 4 anos atrás encontrei um website de Leste (perdi-lhe o rasto entretanto...), com um ótimo catálogo Russo, era possível perceber o que eram as edições oficiais (poucas!) ou as caseiras (fabrico caseiro em lojas), se é que lhe podemos chamar "OFICIAL". Melhor analogia é pensarmos nas complicações (S4) da Astor Software com jogos de UK e Espanha (que devem ter recebido 0 em Royalties...), a grande diferença é que devido à barreira linguística dos Russos estas edições eram totalmente traduzidas na sua língua, não apenas o texto mas até o logotipo com o nome do jogo (e.g. MYTH), e isto confere-lhes características únicas e um trabalho de excelência vindo de Leste.

Fiquei então a perceber a existência de uma compilação "Oficial" do Dizzy, para minha felicidade há uns anos comprei uma série e cassetes Russas, onde esta compilação veio incluída, mas também fiquei a perceber que em Portugal cassetes com 30 anos em 2ª mão pagam Taxas e IVA na Alfandega...

Esta compilação inclui os Dizzy's 3.5, 4, 5, 6, 7 e X, todos traduzidos, a motivação ancestral que tinha para a preservação desta compilação deram-me a energia que precisava durante as largas horas de frustração em tentativa/erro, especialmente porque os 6 Dizzy's estão todos gravados no mesmo lado da cassete e são largos minutos a gravar o áudio em cada afinação de som e azimute. Porquê agora? Achei que esta preservação seria o melhor tributo e "MUITO OBRIGADO" aos irmãos Oliver pelo recente lançamento do último Dizzy. Mas os problemas ainda não tinham terminado após a preservação, em conversa com o André Luna Leão percebemos que a intenção de partilha podia cair em saco roto, devido aos direitos de Autor e Marca, mas nada como ir ao encontro da fonte, e sem mais delongas estabeleci o contacto direto com os Irmãos Oliver numa espécie de apelo em nome da comunidade, como é normal no seu espírito altruísta responderam até de forma cómica, sabiam que o Dizzy tinha tido grande projeção na Russia mas nunca tinham visto esta cópia (portanto... confirma-se que não devem ter pago os direitos na distribuição...), lamentam a capa relativamente pobre e que mais valia terem feito copia da original, mas mais que o valioso feedback o destaque foi terem autorizado a distribuição digital desta compilação Dizzy.

O acesso a esta compilação não é apenas o resultado de um esforço individual e fruto de uma longa história pessoal, deve-se também à credibilidade do trabalho coletivo que é feito na preservação digital do Software via Planeta Sinclair e Spectrum Computing, o esforço coletivo é um dos maiores ingredientes no fator de sucesso de qualquer projeto ou iniciativa.

E já que falo sobre isto, num misto de apelo e crítica importa realçar que este trabalho não pode partir apenas de uma dúzia de "carolas", existe muito software por preservar e tal só será possível com maior contributo comunitário, até porque os mais diversos títulos em formato físico encontram-se dispersos na estante ou gavetas de colecionadores, ou até mesmo perdidos/abandonados num sótão ou armazém.

A preservação de Software é mais que uma ocupação de interesse, é acima de tudo a responsabilidade que recai em cada um de nós para com a comunidade, mas também enquanto legado que podemos deixar às futuras gerações sobre uma das fases mais marcantes da Industria de Software da nossa história.

Como podem ver, visão muito interessante do Luís e que partilhamos na íntegra.

Quem quiser então descarregar esta pérola, que surpreendeu os próprios Oliver Twins, pode aqui fazê-lo.

7 comentários:

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  3. Nice find! I noticed the tzx is not a perfect one though, headers are saved as turbo blocks. Could you please consider redumping tape?

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