terça-feira, 7 de abril de 2020

Dungeons of Gomilandia


Nome: Dungeons of Gomilandia
Editora: Retroworks
Autor: Pagantipaco e Utopian
Ano de lançamento: 2020
Género: Puzzle
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Kempston
Memória: 48 / 128 K
Número de jogadores: 1

Não vamos criar suspense: Dungeons of Gomilandia é muito bom. Aliás, é mais que isso, é excelente, é um dos melhores jogos dos últimos anos (e tantos e tão bons saíram ultimamente). Tivesse saído nos anos 80, e teria vendido aos milhares e sido um sucesso imenso. Faz lembrar Solomon's Key ou o mais recente Fire'n'Ice, apenas para referir dois dos melhores jogos do género. Saiu da mente de Pagantipaco e Utopian, responsáveis por The Sword of Ianna, e vai perpetuar ainda mais a fama desta dupla. Mas comecemos então do início...

Assumimos uma personagem bem conhecida da Retroworks, Gominolo (de Gommy, Defensor Medieval). Na realidade também podemos assumir o papel de Teodoro (Teodoro No Sabe Volar), mais à frente veremos como. E para quem não conhece nenhuma delas, pode consultar a review de Retroworks Mini. Seja como for, o nosso pretendente a herói percebeu subitamente que o exército invasor se tinha retirado. Exultou estridentemente, de forma feliz e orgulhosa, e desceu a correr as escadas da torre para comunicar as boas novas ao Rei e reclamar a sua recompensa. Quando chegou à sala do trono, tudo estava calmo e o monarca descansava no seu trono, quieto, demasiado quieto até. E assim que Gominolo (ou teodoro) se aproximou, o Rei, ou o que restava dele, desabou como um castelo de cartas, apenas ficando os ossos.

A situação piorou quando de repente aparecem cordas de todo o lado, amarram o nosso herói e vindo das sombras surge o monarca inimigo, dizendo: "Pensavas que tinha ganho, na realidade apenas te estavas mantendo entretido. Queres uma recompensa e vais tê-la. A melhor de todas. O teu próprio calabouço, aquele do qual nunca alguém saiu vivo."

O chão abriu-se sob Gominolo, e este caiu no abismo. Ao aterrar no chão, deparou-se com uma sala à qual não se vislumbrava o seu final, dominada por uma estranha criatura empoleirada numa coluna, com os olhos cobertos por uma venda, longos cabelos brancos e uma coluna nas costas sob a qual parecia descansar um corvo e um monstro vermelho, que lhe gritou: "Eu sou a personificação desta masmorra, criada para julgar e aprisionar ao mesmo tempo. Somente os justos, inocentes e aqueles que se mostrem merecedores conseguirão sair dela. Para isso tens que em cada cela encontrar a chave e abrir a porta. Mas corre! O tempo é muito curto e se ficares parado, serás sentenciado. "

Gominolo correu para a chave e abriu a porta. Apenas para ir parar a outra cela, com outra chave e outra porta! Quantas haveria? Ninguém sabe, nunca ninguém saiu daqui vivo.


A primeira coisa que se deve fazer, ainda antes de começar o jogo, é ler as instruções. Não que essas sejam particularmente complexas, mas é fundamental conhecer as características de cada peça, se queremos chegar ao final do nível. E para isso a Retroworks, não só disponibiliza uma lindíssima capa para quem quer criar a sua própria cassete, contendo tudo aquilo que é necessário para se conseguir jogar convenientemente, mas ainda acrescentou um poster, e até um manual com 20 páginas, contendo uma BD com a história do jogo e as próprias instruções. Já calculamos o que isso queira dizer: uma edição de luxo à semelhança do que se passou com The Sword of Ianna e Retroworks Mini, incluindo todo este material e, quem sabe, o Dandanator... Venha ela, para fazer companhia a estas duas caixas que aqui temos tão bem guardadas.

O que há a fazer, então? A masmorra de Gomilandia está dividida em celas ou quartos, como preferirmos. Cada quarto tem uma porta que deve ser aberta com uma chave. Temos que conseguir recolher a chave e chegar à porta que nos leva para o nível seguinte. Existem 55 quartos, sendo o último meramente de celebração. Cada um destes quartos apresenta um quebra-cabeças diferente, e um tempo demasiado curto para o resolver. Assim, a estrutura do quarto é constituído por diversos blocos, cada qual com as suas próprias características, e temos que os ir movendo para conseguir chegar à chave e à porta.

Quais são então as características dos blocos? São as seguintes:
  • Blocos normais: são blocos comuns em várias cores (vermelho, magenta, verde, azul, amarelo e branco), e que podem ser apanhados e largados onde forem necessários.
  • Blocos com camas elásticas: blocos sob os quais pulamos, que aumentam o poder de salto, e que no ponto mais alto podemos mover-nos um espaço para a esquerda ou direita. Além disso podem ser apanhados e largados onde forem necessários.
  • Blocos móveis (com setas): estes blocos têm duas setas que indicam o movimento que irão fazer a a respectiva ordem. São activados quando os largamos (também podem ser apanhados), e o nosso personagem é transportado juntamente com o bloco, até que ele pare a sua trajectória, ou nós dermos a indicação para parar.
  • Blocos frágeis: blocos que se desfazem assim que os pisamos, não podendo naturalmente ser recolhidos.
  • Blocos fixos: não podem ser movidos.
  • Blocos mortais: fatais se lhes tocarmos.
Existem ainda outras regras que convém estarmos cientes, pois poderão fazer com que fiquemos bloqueados em algum ponto, ou causar até a nossa morte. Assim, Gominolo apenas poderá mover-se para a esquerda, direita, ou saltar, quando em cima de um bloco com cama elástica. Apenas poderá também subir um patamar de cada vez (o equivalente a um bloco), podendo cair de dois patamares sem dano, mais que isso é a morte do artista. O truque é então ir recolhendo e largando os blocos, por forma a reduzir as alturas, permitindo chegar aos pontos que pretendemos. Por vezes isso implica um corropio constante de "pega e larga" blocos, mas é a única forma de se ir avançando.


Se conseguirmos acabar o nível dentro do tempo limite, medido pelos relógios no canto inferior direito, além de passarmos ao nível seguinte, são acrescentados pontos ao nosso score, e por vezes uma vida extra (a cada 1.000 pontos). De contrário recomeçamos o nível, agora com uma vida a menos, e embora essas sejam generosamente fornecidas de início, existem níveis que enquanto não damos com a solução, é um fartote vê-las evaporarem-se.

Não existe um botão de pausa que permita parar o jogo, permitindo pensar-se calmamente na solução do nível. Mas existe algo melhor, a possibilidade de se escolher o modo "relaxed", que permite fazer cada um dos níveis, sem ter limite de vidas ou de tempo. Podemos assim, com todo o tempo do mundo, estudar a solução de cada nível, para depois se fazer um brilharete no modo "arcada". Obviamente que neste modo não existe pontuação.

Uma outra funcionalidade muito interessante é o sistema de passwords. Assim, de cada vez que se completa um nível, é fornecida uma palavra-passe que permite iniciar o jogo nesse nível específico. Começa é com a pontuação do zero, pelo que aqueles que fazem questão de competir pelos pontos, não terão aqui essa benesse. Mas é fundamental para quem pretende chegar ao final do jogo.

Mas talvez aquilo que mais nos surpreendeu, e que mostra o cuidado e detalhe dos seus programadores relativamente a Dungeons of Gomilandia, é o modo "editor" (já iremos ver como se activa). Tal como o nome indica, dá-nos a possibilidade de alterar ou criar novos níveis, concebendo assim um desafio inteiramente diferente do inicial. Fantástico, é o mínimo que se pode dizer, e apelamos assim aos nossos leitores que dêem asas à imaginação e nos façam chegar os seus trabalhos.


Para se aceder ao modo "editor", assim como mudar de personagem, ou até carregar os níveis em modo "espelho", apenas temos que colocar as seguintes passwords:
  • ROTIDE: liga / desliga o editor de níveis.
  • TEODOR: selecciona o Teodoro.
  • GOMINL: Selecciona o Gominolo.
  • Inversão da password de cada nível: reproduz o nível em modo "espelho".
Já nos alongámos mais do que aquilo que esperávamos, mas isso por causa do entusiasmo que Gomilandia provocou em nós. E se ao nível do jogo estamos falados, nota máxima, pois claro, também ao nível gráfico e sonoro não lhe fica atrás. Os gráficos, tremendamente coloridos, com cenários que nos fazem abrir a boca de espanto, e que deverão ter sido testados até ao limite (não encontrámos um único bug), são um delírio para os sentidos e convidam sempre a persistir para ver que maldades o nosso personagem vai encontrar na sala seguinte. E o som, não sendo o aspecto mais forte do jogo, é bom q.b. para nos fazer acreditar que não estamos a jogar perante uma máquina tão limitada como é o Spectrum.

Não é assim de espantar que Dungeons of Gomilandia leve quase nota máxima. Consegue cativar todos, mesmo aqueles que não estão virados para quebra-cabeças ou platformers. Ah, e vai ter continuação...

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