sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Ad Lunam


Nome: Ad Lunam
Editora: NA
Autor: Alessandro Grussu
Ano de lançamento: 2019
Género: Estratégia
Teclas: NA
Joystick: NA
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Alessandro Grussu é o homem dos sete ofícios. Estudioso e linguista exímio (até português fala), fotógrafo de excelência, com uma cultura muito acima da média (ouvir as suas entrevistas é um prazer, seja qual for o tema, por vezes a fazer-nos lembrar o saudoso Umberto Eco), até uma enciclopédia para o Spectrum criou (basta vir à sua página ver alguns dos seus trabalhos). E como se não bastasse, ainda arranja tempo para criar jogos para o Spectrum, uma das suas paixões.

Verdade seja dita, não gostámos de todos os seus trabalhos (a saga Seto Taisho não nos entrou no goto), mas os últimos são uma maravilha. Primeiro Doom Pit, depois a saga Sophia, com Sophia e Sophia II a brilharem a grande nível. E eis que agora sai da sua zona de conforto e, para celebrar os 50 anos da chegada do Homem à Lua, cria um jogo com essa temática em Basic (compilado), apenas com texto, mas com uma amplitude de opções que faria Dictator ou President corarem de vergonha. Não podemos deixar também de nos regozijarmos por vermos nos últimos tempos aparecerem jogos puros de estratégia, casos de Trine Michelson's Hot PartsMotte and Bailey, por exemplo. Só falta agora regressar o género wargame, quem sabe com uma versão de Civilization ou Ufo para Spectrum ou Next. Mas adiante...

O objectivo é então vencer a corrida espacial, havendo dois concorrentes: os EUA e a URSS, cada um deles com características diferentes e que influenciam a estratégia de jogo (na prática quer isso dizer que podemos ter aqui dois jogos em vez de um). Começamos a missão na Primavera de 1956, e depois de seleccionada a potência com que queremos jogar, é-nos apresentado um menu inicial com oito opções. Não iremos descrever cada uma delas, isso tornar-se-ia fastidioso, ainda mais estando todas descritas em pormenor no manual que acompanha Ad Lunam, e que Gussu nunca abdica de juntar aos seus jogos, mas as mesmas são muito intuitivas.


Seleccionando-se cada opção, logo são abertos novos menus, e é notável o grau de pormenor de informação que Grussu colocou no jogo. Nota-se que estudou muito bem a lição e que andou a pesquisar todos os materiais e componentes que eram comuns no programa espacial russo e americano (a astrofísica é outras das paixões deste multifacetado programador).

Tal como é habitual neste género de jogos, existe um recurso que é escasso: os fundos monetários. Assim, teremos que fazer uma gestão muito assertiva dos nossos fundos, tendo que se arranjar um equilíbrio entre aquilo que queremos fazer, e aquilo que podemos efectivamente fazer. Se gastamos demasiados fundos a pesquisar ou construir determinados componentes, vão nos faltar para outros. Não esquecendo que os pilotos necessitam também de formação, e que esta obviamente tem um custo. Se estes não estiverem devidamente treinados, corre-se o risco da missão acabar em tragédia.

Sempre que terminamos um turno (estes têm um período temporal de três meses), é-nos dado o relatório do andamento dos nossos projecto, incluindo a forma como as missões vão decorrendo, se foram bem-sucedidas, como no caso abaixo, ou se por outro lado, retumbaram em acidentes, por vezes com consequências mortais (sim, é possível os pilotos morrerem no cumprimento da missão). E no final de cada ano, o nosso Governo envia-nos também um pequeno relatório sobre o nosso desempenho, sendo-nos então alocados mais fundos, fundamentais para se continuar a avançar na corrida ao espaço.


Para se ter sucesso em Ad Lunam é necessário conhecer muito bem as características e funções de cada componente e de cada material (estão explicados no manual de oito páginas). Fazer-se uma pesquisa exaustiva é meio caminho andado para cumprirmos com a missão (e não estamos a falar apenas da opção 2 do menu inicial - "Research"). De facto, quem esteja a leste do programa espacial soviético e americano, além do manual que acompanha o jogo, deverá também recorrer um pouco à enciclopédia para se inteirar mais sobre a temática. 

De qualquer forma, independentemente da "pesquisa" que se faça, o mais certo é nos primeiros jogos sermos arrasados pela potência adversária (aconselha-se a começar no nível mais fácil), e mesmo que isso não aconteça, antes de se conseguir atingir o limite temporal máximo, vamos ter que suar muito. Mesmo não sendo este um jogo para todos, quem gosta do género vai considerá-lo como obrigatório. É de facto um desafio tremendo, mas muito estimulante, e que nos vai exigir muitos dias de treino até conseguirmos começar a dominar todos os factores e podermos brilhar como as estrelas. Venham mais como este!

Poderão aqui descarregar o jogo.

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