quarta-feira, 24 de março de 2021

Down the Pipe


Nome: Down the Pipe
Editora: Phoenixware
Autor: DF Design
Ano de lançamento: 2021
Género: Shoot'em'up
Teclas: Não redefiníveis
Joystick: Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

Down the Pipe tem muitas semelhanças com um jogo que saiu há quase um ano, Pi-Dentity, inclusive sofrendo dos mesmos defeitos e tendo as mesmas virtudes, o que não é de estranhar. Em primeiro lugar, porque usa o mesmo motor, o SEUD, com todas as limitações inerentes, quer em termos de memória disponível, quer pela sua pouca versatilidade. Mas também porque, pelo menos quatro dos elementos que participam em Down the Pipe, também participaram em Pi-Dentity (Rich Hollins, Andy Green, Sebastiane Braunert e Lobo).

Mas vamos primeiro aos defeitos, até porque estamos conscientes que estes estão muito centrados no uso do SEUD, não em erros de concepção do próprio jogo. A memória disponível, como referimos, é pouca. Isso implica termos jogos curtos, com poucos níveis, que se terminam em muito pouco tempo (cerca de cinco minutos, se não tivermos falhas). Tendo em conta que a edição física tem um custo de quase oito libras, acrescido de portes, convenhamos que não confere grande rácio custo / benefício. Claro que para colmatar essa lacuna, a solução passa por aumentar o grau de dificuldade. Mas aqui surge um outro problema: o grau de dificuldade é constante, não progressivo, como convém a um jogo. No entanto, a equipa está consciente disso, pois no menu inicial tem-se a opção de escolha do nível de dificuldade, entre três possíveis. 

O segundo defeito está relacionado com alguma repetitividade, resultado da pouca versatilidade da ferramenta. Assim, tudo o que temos a fazer é disparar contra os cocós e outros dejectos que vêm contra nós, incluindo as sempre incómodas caveiras, e ainda três caveiras gigantes, uma por cada nível do jogo, equivalendo aos "big bosses" (os níveis são Pipe Central, Skull City e The Kingdom of Mighty Two). Estas necessitam de muito tiro certeiro, mas tendo em conta que se deslocam apenas para cima e para baixo, num cenário muito limitado, tudo se resume ao exercício do gato e do rato, onde damos alguns tiros quando o inimigo se afasta, para depois fugirmos para um canto quando este se aproxima.

De qualquer forma, mesmo tendo em conta todas essas limitações, Down the Pipe é bastante atractivo. Arriscamo-nos a dizer que, embora tendo uma mecânica muito semelhante a Pi-Dentity, diferenciando-se apenas em algumas  nuances que iremos ver, graficamente está mais bem conseguido e consegue ser mais cativante. Além da própria temática ser "fora da caixa", pois o jogador assume o papel de uma poia, que vai descendo pelo cano de esgoto, dando de caras com tudo o que normalmente se encontra nesse ambiente putrefacto. Felizmente que Down the Pipe é inodoro...

Os sprites e os cenários criados por Lobo, Andy Green, e também por Rich, como já é habitual nestes autores (não conhecíamos esta veia artística em Rich), são de grande classe, se é que se pode chamar a isso a um cano de esgoto e a dejectos. Conseguem disfarçar a referida repetitividade, convidamo-nos a prosseguir para tentar chegar ao fim. Além disso, o painel lateral, embora encurtando o campo de acção, dá um colorido completamente diferente a este jogo. Os olhos também comem, mesmo que sejam poias e similares...

As tais nuances que referimos estão relacionadas com a própria mecânica e aqui Rich conseguiu inovar. Não se esqueçam que estamos a descer por um cano de esgoto, portanto, de cada vez que disparamos, além do detrito que é ejectado, a nossa personagem dá um pequeno solavanco e sai disparada sob o efeito da gravidade, isto é, para baixo. Há assim que ter algum cuidado com o dedo no gatilho, não se vá perder o controlo da poia e ficar com as calças na mão, como diz o ditado. Há um truque para evitar essa situação, rapidamente o vão descobrir. 

Down the Pipe tem ainda alguns efeitos visuais bem conseguidos, nomeadamente ao nível dos borders, acompanhados adequadamente pelos efeitos sonoros e por uma música, que embora não sendo inteiramente do nosso agrado (por uma questão de estilo musical, não da música em si), cria um ambiente divertido, condizente com a própria temática.

Assim, para quem gosta do género, Down the Pipe é garantia de uns momentos bem passados, saindo apenas fortemente penalizado pela sua curta duração. Tivesse mais dois ou três níveis, e a nota final teria sido superior. De qualquer forma, a cassete contém no lado A a versão 48K e no lado B  a versão 128K, adicionando-lhe algum valor. Quem quiser assim adicionar mais uma cassete à sua colecção, poderá aqui adquirir a versão física do jogo.  Por outro lado, se apenas pretenderem a edição digital, podem vir aqui descarregar. É gratuita, mas oferecerem um café à equipa programadora, será justo.

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