No dia 30 de Julho de 1989 saía a segunda edição de "Os Jogos no Computador", a rúbrica dominical do Correio da Manhã dedicada aos videojogos. Foi escrita pelo Paulo Ferreira que assumiu essa tarefa durante uns bons anos. Em 2021 Mário Moreira haveria de digitalizar, processar e converter estas páginas do seu próprio acervo, para que fossem partilhadas para a comunidade, um contributo inestimável que a equipa do Planeta Sinclair agradece de todo o coração!
A rúbrica começa com o destaque semanal, dedicado ao Xenon, um shoot'em up da editora The Bitmap Brothers, portado para ZX Spectrum pela M.C. Lothlorien. A crítica não favorece a habitual falta de originalidade tão comum neste género, mas ainda considera um jogo a ser comprado, particularmente pelo facto da multi-carga das fases não forçar o jogador recarregar do início quando perde todas as vidas.
Mas como já se previa desde a primeira edição, a parte sumarenta e interessante recai no texto de opinião do nosso autor. Talvez porque ainda não havia passado tempo suficiente para receber as cartas dos leitores, o Paulo dedicou uma boa parte do seu espaço para abordar dois temas que lhe são caros: software português e pirataria!
Já se sabe que o cenário de videojogos nacionais nos anos 80 não foi nada de especial. Só o infame Paradise Café é que se cristalizou na memória colectiva dos portugueses. Ainda assim, vários jogos foram sendo feitos dentro das limitações inerentes à realidade portuguesa daquela década. O Paulo descreveu alguns destes ilustres títulos: o jogo desportivo Maratona, o The Last Arkanoid (sequela lusa e "não-oficial" de Arkanoid), e as aventuras gráficas Talismã, Mad in Ca$hcais e Carlos Lopes (esta última não temos preservada e o Planeta Sinclair continua à procura, se tiver uma cópia não hesite em contactar-nos)!
E como já devem ter notado, o Paulo Ferreira não é de ter papas na língua e decidiu mimar o autor da sequela lusa do Arkanoid, com o que realmente pensa sobre a problemática de modificar jogos originais! O Planeta Sinclair não se cansará de fincar que temos de ler esta opinião com atenção ao contexto específico da época, sobre algo que aconteceu há mais de 30 anos atrás. Estes textos são uma janela aberta a um passado que o tempo encarregou-se de fazer esquecer. Mas permitem-nos rastrear e documentar o que foi produzido.
Enfim, sem mais delongas, a digitalização está acessível aqui!
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