sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

Mechwars: Centipede

Nome: Mechwars: Centipede
Editora: NA
Autor: ZXBitles
Ano de lançamento: 2021
Género: Shoot'em'up
Teclas: Redefiníveis
Joystick: Sinclair
Memória: 48 K
Número de jogadores: 1

A sucessão do ZX Spectrum para as novas gerações está a ser devidamente acautelada. Primeiro apareceu o professor mais "cool" de todos, Dougie Mcg, da Bearsden Primary School, que ensina os seus alunos, todos entre os 10 e 11 anos, a desenvolverem jogos para o ZX Spectrum. Depois temos equipas nas quais os progenitores solicitam a ajuda dos seus filhos para desenvolverem os seus trabalhos. Foi assim com Dave e Nate Sloan, e o mesmo se passa com a ZXBitles, equipa constituída por Sergey Yakimovich e o seu filho, que lhe faz sempre companhia até nos directos do YouTube, sempre equipados a rigor.

Esta dupla lançou agora Mechwars: Centipede, novo episódio de uma trilogia que já está a fazer história, e que por sua vez nos traz Red, o herói de uma outra trilogia de sucesso. Assim, depois de Mechwars: Arena, um jogo que nos deixou muito boas impressões, especialmente se jogado com um parceiro humano, chega agora o clone de Centipede que tem vindo a ser anunciado há algum tempo, mas mesmo a tempo de entrar na competição ZX-DEV Media & Demakes. E tal como no primeiro episódio da saga, também foi feito um trailer para nos ajudar a compreender a missão, mesmo sendo mais imediata. Este trailer tem elementos inéditos e é de uma qualidade excepcional, podendo aqui ser visto.

Centipede, o jogo de arcada, dispensa grandes apresentações. É um tiro'neles lançado em 1981 pela Atari, tendo sido um dos jogos de maior sucesso comercial dos anos 80. O objetivo é eliminar todos os segmentos de uma centopeia, que vai percorrendo o cenário. O jogo foi posteriormente convertido para inúmeros sistemas, nomeadamente para o Atari 2600, Atari 5200, Atari 7800, entre outros. Sob o selo Atarisoft, o jogo foi comercializado para o Apple II, Commodore 64, ColecoVision, VIC-20, IBM PC, Intellivision e TI-99 / 4A. Para o BBC Micro foi lançado através da Superior Software. E até houve versões para o Game Boy e Game Boy Color. 

Mas o que Sergey e o seu filho fizeram, foi muito mais que uma simples conversão do jogo para o ZX Spectrum. Essas existem às dezenas desde os primórdios. Tal como fizeram com Mechwars Arena, também foram inseridas várias opções que desde logo transformam por completo o jogo.

Em primeiro lugar, e talvez o mais relevante: existem dois modos de jogo. Assim, se escolhermos o modo "survival", e tal como o nome indica, o objectivo é apenas um, o de sobreviver à centopeia o máximo de tempo possível. Ao longo de 255 segundos (o número não é por acaso, como qualquer pessoa que perceba um pouco de programação imediatamente percebe), a centopeia vai descendo e subindo pelo ecrã, ao ritmo com que também nos movemos. De cada vez que lhe acertamos um tiro, esse segmento parte-se, dividindo-se a centopeia (ou o que resta dela), em duas partes, dificultando um pouco mais a missão. Além disso, os cenários incluem obstáculos que podem obstruir o andamento da centopeia (assim como o nosso), mas que também podem ser destruídos à lei da bala, se necessário.

Muito mais interessante é o segundo modo de jogo: "Campaign". Neste modo, ao longo de cinco missões, temos que além de destruir a centopeia, cumprir com determinados objectivos, mais uma vez num tempo limite de 255 segundos. Só assim se consegue passar ao nível seguinte. Que campanhas existem então?

  • Missão 1: recolher todos os contentores e matar a centopeia.
  • Missão 2: Resgatar os pilotos dos destroços das naves despenhadas e matar a centopeia.
  • Missão 3: Recolher 5 amostras do crânio da centopeia e matá-la.
  • Missão 4: Recolher todos os ovos e matar a centopeia.
  • Missão 5: Resgatar todos os civis, levando um a um para a nave. E matar a centopeia, claro.

Depois de matarmos a centopeia na última campanha, finalmente podemos descansar e dormir sobre os louros alcançados. Sim, existem objectivos intermédios que podem ser alcançados, aumentando a nossa pontuação, estando visível ao lado do ícone com o troféu.

Eliminar a centopeia é o mais complicado de tudo. Em primeiro lugar porque desloca-se mais rápida que o nosso robô. Depois, porque se não a eliminarmos num curto espaço de tempo, regenera-se. Além disso, por vezes vai aparecendo uma aranha, que dispara contra o nosso robô a sua teia. Se esta nos atinge, ficamos paralisados durante alguns segundos, estando sujeitos a ser capturados pela centopeia. Finalmente, o nosso robô tem duas armas laterais e dispara sequencialmente, ora da esquerda, ora da direita. Por vezes temos a centopeia perfeitamente alinhada no nosso raio de acção, e por dispararmos com a arma do lado errado, não a atingimos. Isto constitui uma dificuldade adicional e até dominarmos o sistema de disparo, vamos ter que dar muito à sola a fugir do bicharoco, que tem apenas mais 98 pés que nós...

Os gráficos são na linha dos utilizados em Arena, cumprindo perfeitamente o seu papel. E a música e o som são bastante interessantes, inclusive havendo uma voz sintetizada no começo de cada missão, colocando-nos logo em sentido para as dificuldades que se avizinham.

E o mais espantoso: foi desenvolvido em Basic compilado (Boriel), mais uma vez, demonstrando toda a versatilidade de uma linguagem que se pensava morta e enterrada.

Assim, é um jogo bastante aconselhável, ainda mais tendo em conta a linguagem com que foi programado, não ficando atrás dos outros clones de Centipede, uma boa parte deles desenvolvidos em Assembly. 

Poderão aqui vir descarregar Mechwars: Centipede e dar uma pequena contribuição aos seus autores, que bem o merecem, por todo o esplêndido trabalho que têm feito em prol da comunidade.

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